Eu acrescentei um trecho ao
artigo sobre o conflito de classe no quesito conflito no campo religioso que
foi exatamente os segundo e terceiro parágrafos daquele trecho.
Agora vem a necessidade de falar
daquilo que é o carro-chefe da cultura do ódio e da fomentação da luta de
classe: a inveja, o pecado capital, a forma de conduzir a vida segundo
preceitos eivados de ódio contra quem possui melhores condições sem ter, a pessoa que odeia e cultiva o ódio, capacidade de chegar ao nível desejado por mais absoluta incompetência.
Primeiramente é necessário atacar
o cerne da coisa, o sentimento. A luta de classe baseada na inveja, na assunção
de incompetência de se galgar uma melhor condição social através dos próprios
esforços e depender de apelar, depender de agir como bandido, depender de uma
Revolução armada e tomar todos os bens do setor produtivo e reduzir esses bens
a um monte de sucata, porque, afinal de contas, se eu não posso atingir os
píncaros da glória, ninguém mais pode.
Essa postura não é baseada na
pretensão de o proletariado tomar as rédeas da produção e fazer bonito, porque
quem ocupa os cargos de chefia, gerência e comando, possui também uma formação
adequada, décadas de experiência e consultoria especializada. Sabe abrir mão de
ganhar aqui para ganhar muito mais lá na frente, sabe abrir mão de alguns
milhões agora e investir esses milhões em pesquisa para que lá na frente lance
novos produtos e serviços que ganhem o mercado e faça valer a pena o
investimento. Possui visão, possui tato, possui o chamado tino para a coisa.
De um lado temos esses setores
altamente especializados e, de outro, temos aquele profissional que não concluiu
os seus estudos, que não possui qualificação e que não possui perspectivas de
crescimento. Mas o motivo dessa falta de perspectivas é justamente a falta de
interesse em se dedicar a uma atividade complexa, estudar com afinco, crescer,
primeiramente, no quesito know-how para depois crescer nos postos ocupados e,
consequentemente financeiramente.
Estamos falando de pessoas que
vivem na mais absoluta falta de interesse, que se drogam, bebem, fumam desde a
mais tenra idade e, por isso, não possuem um rendimento adequado nos estudos.
Estamos falando de pessoas que vivem na mais absoluta promiscuidade e fazem
muitos filhos e ficam, além de sem instrução, também sem condições de vida
digna.
Não podemos resumir tudo isso à
sentença “se alguém comer uvas verdes, serão atingidos os próprios dentes”. É
inegável que se padece pelos pecados dos outros, que se sofre por causa dos
erros dos outros. Filhos de famílias desestruturadas tendem a não possuir um
rendimento adequado nos estudos, tendem a agir de maneira não condizente com a
inteligência, prudência e prevenção necessária.
Essas pessoas sentem ódio pelo
setor produtivo, essas pessoas se julgam exploradas pelo empresariado. Essa
visão de mundo tem que acabar.
É necessário ser profeta e fazer
o favor de jogar na cara das pessoas os próprios erros, não por um sentimento
macabro de sadismo, mas para que eles percebam os próprios erros, as próprias
falhas e, se não conseguirem mudar a própria vida, pelo menos aconselhar as
gerações futuras para que não incorram nos mesmos erros.
Agir questionando: Você se acha
explorado predatoriamente pelo empresariado, mas o que você tem a oferecer para
o setor produtivo? Que trabalho você sabe fazer? Qual a sua qualificação? Se
você acha que merece ganhar mais fazendo a mesma função que faz, quanto
ganharia uma pessoa com nível técnico, nível superior, um empresário?
A verdade é que o empresariado
realmente criou o proletariado, mas no dizer de Friedrich Hayek: “O capitalismo
criou o proletariado na medida em que possibilitou a sobrevivência de pessoas
que sem ele não teriam como viver”.
Milan Kundera chama esse
sentimento de Litost e a define como:
um estado
atormentador nascido do espetáculo de nossa própria miséria repentinamente
descoberta. Aquele que possui uma experiência profunda da imperfeição própria
do homem está relativamente a salvo dos choques da litost. O espetáculo de sua
própria miséria é para ele uma coisa banal e sem interesse. A litost é,
portanto, própria da idade da inexperiência. É um dos ornamentos da juventude.
A litost funciona como um motor de dois tempos. Ao tormento se segue o desejo
de vingança. Como a vingança nunca pode revelar seu verdadeiro motivo, tem de
invocar razões falsas.
Assim sendo, pela demonstração da
própria incapacidade, o proletariado pouco qualificado, porque estava ocupado
demais se drogando, curtindo uma preguiça de estudar, ocupado demais fazendo
filhos para poder se preocupar em se qualificar ao mercado de trabalho, se vê
exposto, como que nu diante da opinião pública e após o tormento de ter exposta
sua miséria em mais elevado grau, quer vingança.
Nessa situação ocorre o
desdobramento do sentimento Litost:
o estudante
tomava banho com sua amiga, também estudante, no rio. A moça era desportista,
mas ele, ele nadava muito mal. Não sabia respirar debaixo de água, nadava
lentamente, a cabeça nervosamente erguida acima da superfície. A estudante
estava perdidamente apaixonada por ele e era de tal forma delicada que nadava
quase tão devagar quanto ele. Mas como o horário de banho estava quase a
acabar, ela quis dar por um instante livre curso a seu instinto desportivo e
dirigiu-se, num crawl rápido, para a margem oposta. O estudante fez um esforço
para nadar mais depressa, mas engoliu água. Sentiu-se diminuído, desnudado na
sua inferioridade física, e sentiu a litost. Lembrou-se de sua infância
doentia, sem exercícios físicos e sem amigos, sob o olhar excessivamente
afetuoso da mãe e desesperou de si próprio e da sua vida. Ao regressarem por
uma vereda, iam silenciosos. Ferido e humilhado, sentia um irresistível desejo
de bater nela. “O que é que te deu?”, perguntou ela, e ele censurou-a: ela
sabia muito bem que havia corrente perto da outra margem, tinha-a proibido de
nadar daquele lado porque se arriscava a afogar-se e deu-lhe uma bofetada. A
moça começou a chorar e ele, ao ver as lágrimas sobre o rosto, sentiu-se cheio
de compaixão por ela, tomou-a nos braços e sua litost dissipou-se.
E é o que vai acontecer. Se os
empresários falirem e os proletários se virem incapazes de fazer serviços que
julgavam saber fazer até melhor que os empresários de até então, terão sua
litost dissipada e passarão a sentir saudades dos tempos em que eram
empregados.
Aliás, é necessário que os ricos fiquem ricos e que os milionários permaneçam milionários, porque os milionários consomem artigos de luxo produzidos por proletariados, pais de família. Acabar com o luxo de alguns é dar um tiro no próprio pé do proletário.
Aliás, é necessário que os ricos fiquem ricos e que os milionários permaneçam milionários, porque os milionários consomem artigos de luxo produzidos por proletariados, pais de família. Acabar com o luxo de alguns é dar um tiro no próprio pé do proletário.
Os chineses há muito qualificam
essa atitude como típica a ponto de terem um dito popular muito conhecido que é
o de perguntar: “por que você me odeia se eu nunca te ajudei?”.
O ódio não nasce da necessidade,
mas nasce da ajuda prestada por parte do empresariado, do emprego e sustento,
mesmo apesar de ele ser uma pessoa sem qualificação, o empresariado que arruma
um posto de trabalho para ele, não por causa de suas qualidades, mas apesar da
falta de qualificação, apesar da falta de talento, apesar da falta de
interesse, apesar da falta de dom para a coisa, consegue um emprego apesar de
ser uma pessoa preguiçosa, viciada, promíscua e displicente na realização das
tarefas.
Mano nesse teu artigo, você trata de um tema tão amplo e com tantas ramificações que tratar deste assunto da forma como você fez foi no minimo, "mal pensado". Um exemplo, você cita as pessoas de classes mais baixas e diz que não crescem economicamente por falta de interesse, eu discordo, todos tem o interesse em crescer na vida, julgo que o fator determinante para qualquer evolução é o conhecimento, que no caso vai te tornar apto a exercer uma função mais elevada na sociedade.
ResponderExcluirTe sugiro dois filmes para analise: "Trocando as bolas", é uma comedia, mais trata bem desta questão entre o rico e o pobre, nele um rico e um pobre trocam de lugares para ver como irao se sair. O outro é " um homem de familia" este exemplifica bem o que eu disse sobre o conhecimento, mesmo que você venha a perder tudo, com o conhecimento certo você prospera.
E a respeito da forma como voce julga o proletariado, realmente quem é mais preparado merece ganhar mais e quem se prepara melhor acaba vencendo, mas ao meu ver, o proletário nao luta apenas para ganhar mais ou se tornarem "ricos", eles lutam na verdade, para quebrar este circulo vicioso onde os pais ricos sempre vao colocar os filhos em escolas de qualidade onde estarão bem preparados para o futuro.Enquanto ao mesmo tempo os pais "pobres" colocam seus filhos em escolas de baixa qualidade, e tem a inocente ilusão de que seu filho vai ser tao bem instruido como o filho do rico, e vai ter as mesmas oportunidades no futuro.
Voltando ao que eu disse no inicio, sua analise foi superficial dentro de um tema que não suporta este tipo de analise.
Eu estudei a vida toda em Escola pública, ao lado dos mais pobres, tendo eles como colegas de sala. Quanto mais eu ia estudando, menos pessoas mais pobres iam estudando comigo, porque eles iam repetindo, se desinteressando pelos estudos...
ExcluirFilmes de ficção para fundamentar assuntos complexos, amplos, com muitas ramificações? Isso é Brasil. Se você quiser eu posso te sugerir alguns livros científicos muito bons.
Mas a luta do proletariado a que eu me refiro não é quebrar um círculo vicioso. Existe uma luta de classe legítima que é a luta para se especializar e alcançar melhor colocação. A luta ilegítima luta para acabar com a meritocracia. Luta para que incompetentes cheguem ao poder, cultivam a cultura do ódio. Essa é a luta ilegítima do do proletariado. Os proletários que trabalham, estudam, se esforçam, eles prosperam.
Eu trabalho com Direito do Trabalho e vejo muito pessoas com 15, 16 anos fazendo filho e depois tendo que trabalhar feito um condenado para sustentar os filhos, não tendo recursos para comprar, sequer, o que comer. De outro lado, pessoas que deixam para ter filhos depois de se estabilizarem mais na vida, ainda que trabalhem e ganhem pouco, arrumam tempo para, enquanto não fazem filhos, estudar em turno noturno, fazer curso técnico para ganhar mais.
Claro que não basta não ter filhos, porque uma pessoa viciada em crack que depende de cesta básica do Governo, porque todo dinheiro que ganha compra cigarro, álcool, ou outras porcarias, não vai conseguir fazer isso.
E quanto aos ricos colocarem filhos em boas escolas? Todos os que trabalham comigo estudaram a vida toda em Escola pública e se formaram porque trabalhavam de dia e a tarde e estudavam de noite, depois que conseguiram uma estabilidade financeira mais razoável daí se preocuparam em fazer filho e tudo mais.
E meus filhos não serão bem instruídos porque terão ótimos professores, mas porque eles terão ótimos livros e, ainda que estudem em escola pública e precária, como eu estudei a vida toda, vão ter uma formação de qualidade a partir de casa, como eu tive, porque eu não delego minhas responsabilidades ao Estado. Ler bastante, se interessar por informação útil e aprender a desenvolver um pensamento crítico depois que tiver elementos suficientes de conhecimento para exercer esse comportamento crítico, tudo isso eu aprendi em casa e vou ensinar em casa.
E a minha análise não foi superficial, até porque eu peguei uma fatia do tema, não falando de uma luta de classe dentro de uma universalidade de situações, mas aquela pertinente ao assunto que eu delimitei, de uma perspectiva marxista, comunista, como pregada por Marx.