segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Verdadeira cultura Negra no Brasil (sugestão para o dia da consciência negra)



Primeiramente temos que raciocinar sobre o que é cultura brasileira para depois começarmos a conversar sobre o que é a boa cultura negra aqui no Brasil.

Nem tudo aquilo que o negro faz no Brasil é cultura brasileira. Se um aiatolá árabe chega ao Brasil e começa a recitar as suas orações islâmicas, isso não é cultura nacional. Se um negro, vindo da África, começa a cantar canções folclóricas de seu país, aquilo não é cultura nacional, mas uma cultura estrangeira que veio aportar aqui no Brasil e está no nosso solo como algo acidental.

Isso não é desprezar a cultura árabe, como também não é desprezar a cultura negra, mas é necessário termos padrões, mais ou menos inteligíveis para conseguirmos discernir o que é a cultura verdadeiramente brasileira daquilo que veio de fora e passou a fazer parte da nossa realidade, mas para grupos isolados e o que passou a exercer certa influência, mas de maneira quase que parasitária.

A verdadeira cultura brasileira é formada por pessoas que criaram alguma coisa aqui no Brasil, não por escravocratas africanos que continuaram sendo escravocratas, mesmo depois de serem eles mesmo escravizados e terem conseguido fugir dos seus senhores, desejando, nada além da própria liberdade e no quilombo, viesse ele mesmo a ter escravos. Não desejar para o outro aquilo que não se deseja para si é ensinamento cristão e NÃO, nem toda religião é boa.

Então se os grupelhos que se colocam à margem da cultura nacional, não vale como cultura brasileira, o que então seria verdadeira cultura brasileira, e o que seria cultura produzida por negros?

Cultura negra, para mim, é Machado de Assis, um mulato, na verdade o que os gringos chamam de quadraroom, nascido de família pobre, pai mulato e mãe lavadeira o que não o impediu de ocupar diversos cargos públicos e fundar a Academia Brasileira de Letras.

Outro exemplo de cultura negra verdadeira é Aleijadinho, o mulato, o nome mais importante da escultura e arte-sacra no Brasil. Mesmo sendo mulato e tendo que se submeter a muitas restrições, isso não impediu de ser lembrado até hoje, sendo que ano que vem será o bicentenário de sua morte.

Outra pessoa que eu acho que merece ser citada como grande nome da cultura negra e legítima cultura negra no Brasil é o Donga, compositor do primeiro samba e, por que não, Pixinguinha, célebre compositor, músico e cantor.

Vamos elevar o nível da cultura, da popularidade, para níveis mais sofisticados, podemos citar Cruz e Souza, compositor de poemas de sonoridade envolvente e estrutura brilhante, uma pessoa que sempre sofreu na própria pele os horrores de uma sociedade escravocrata e de racismo institucionalizado, mas que não ficou se fazendo de vítima, pelo contrário, trabalhou, estudou, chegou aos maiores postos que sua condição de filho de negros alforriados permitiu chegar, aprendendo a mais fina cultura, enquanto, do outro lado do Atlântico, um caucasiano francês dizia: “sem dúvida, que o Hotentote (uma etnia negra) é de uma raça inferior”.

Poderíamos nos estender muito falando sobre cada um dos grandes negros que fizeram parte da história brasileira, mas, não apenas isso, mas também criaram a história da qual eles fazem parte. Todos eles têm algo muito interessante em comum.

O que esses negros, mulatos e quadradões (pessoa com um quarto de sangue negro) fizeram foi se adaptarem à cultura nacional, fizeram parte da população, não se auto segregaram. Temos excelentes exemplos de pessoas que até mantiveram suas crenças religiosas africanas, como o Sambista Donga, que frequentava Terreiro, mas não se colocava à parte da população branca.

Cruz e Souza, um dos poetas mais brilhantes que em plena época da escravatura mostrava que o sangue negro era tão capaz quanto qualquer caucasiano, ele não ficava prestando tributo à sua descendência africana, mas falava das próprias angústias, dos próprios sentimentos, conflitos, tristezas da alma, não usando um linguajar ioruba, mas um português rebuscado, no estilo parnasiano, com sonetos elaborados e criativos.

Cada um deles, a seu modo e com os recursos que dispunham, não ficaram com um discurso vitimista, como dizem hoje em dia: não ficaram com mimimi. Não ficaram se fazendo de vítimas por terem sido trazidos contra vontade da África, perseguidos como animais, aliás, pergunto, que negro, hoje em dia, mesmo que viva humildemente e até passando necessidade, gostaria de voltar para a África?

Já escrevi outra vez sobre o vitimismo escravocrata aqui no blog e referencio o artigo aqui, apenas para dizer que não há lugar para isso. Os negros sempre foram escravocratas. Negros eram levados como prisioneiros para os Quilombos e se tentassem fugir, porque não raras vezes as condições de vida nos quilombos eram piores que nas senzalas, eram perseguidos quiçá com maior severidade do que pelo Capitão do Mato.

Também, nunca é demais lembrar que nem tudo é adequado para o ambiente de uma escola. Nada justifica os alunos comporem um funk proibidão. Se quer rimar, rime falando sobre o respeito aos mais velhos; se for para compor música, que façam músicas sobre a importância do professor; se for para fazer um poema, que falem sobre um tema adequado à idade.

Fica aqui a minha contribuição para o dia da consciência negra: não existe uma identidade negra, pelo menos não deveria haver. Não existe uma cultura negra, nem uma cultura indígena, nem uma cultura cabocla, existe uma cultura nacional e o negro que escreve da forma como um branco talentoso escreve, o branco que canta com voz forte, de negro, o índio que se comporta com a polidez e etiqueta de um urbanoide, não estão negando sua identidade, pelo contrário, a identidade do negro, do branco, do índio, do judeu, do pardo, do albino só será verdadeiramente valorizada quando todos eles construírem uma identidade nacional que seja realmente forte.

Uma pequena lista de pessoas cuja memória merece ser celebrada no dia da consciência negra:

Aleijadinho
André Pinto Rebouças
Capistrano de Abreu
Clementina de Jesus
Cruz e Sousa
Donga
Evaristo de Moraes
Firmino Monteiro
Floriano Araújo Teixeira
Gonçalves Dias
Hermenegildo Rodrigues de Barros
Joaquim Barbosa
Lima Barreto
Lobo de Mesquita
Machado de Assis
Martinho da Vila
Nilo Peçanha
Pixinguinha
Pedro Lessa
Tobias Barreto
Waldomiro de Deus

São esses que devem ser os heróis da juventude negra no Brasil, nada de Mr. Catra, funk proibidão, ou jogadores de futebol promíscuos e artistas drogados que compõem algo análogo à música, que fala de matar policial, nada de inspiração vinda de dançarinas seminuas ou pessoas promíscuas.

9 comentários:

  1. o mano brown pode entrar nessa lista!

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  2. Sim, mas de acordo com o texto o Mano Brown seria considerado um Escravocrata. A Propósito, ótima matéria !

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  3. Me perdoem pelo comentário acima. Sim Mano Brown deveria esta na lista. Esqueçam a primeira frase !

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  4. E aquela aberração do dia do orgulho gay? É sempre assim, Aventuras. Se criarem um dia do orgulho hétero, os homossexuais vão avacalhar e fazer verdadeiros atentados terroristas.

    Se tiver um dia da consciência caucasiana, os negros vão chamar os que participarem desse tipo de evento de nazistas.

    Eu também não concordo com isso, mas eu pretendi com essa situação dar uma utilidade positiva para o dia da consciência negra.

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  5. A ignorância de alguns brasileiros sobre África é muito lamentável, refere a África como se fosse um país,como se em África as pessoas não vivem bem,se bem que os países de África são do terceiro mundo como o Brasil.

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    1. Não dá para ignorar que a cultura da África é diferente da cultura Latino Americana, de modo que até e países como Somália e Zimbábue existe a classe média, existem empresários, existem pessoas ricas e pessoas pobres.

      Não sei qual a relação dessa postagem com o assunto proposto, até porque do negro africano eu falei apenas em canções folclóricas deles. Todo país possui canções folclóricas, inclusive o Brasil, EUA, Alemanha, Bélgica, Suécia...

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  6. Ou seja por você única cultura nacional são as quem vieram dos índios.

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    1. Eu estou falando de alta cultura, não de baixa cultura. Existe uma alta cultura para os índios, mas ela quase que inteiramente possui conotação religiosa. Há o artesanato também, que é uma cultura mais rebuscada, no entanto, a alta cultura dos indígenas foi só quando do contato com o homem branco, porque os índios do Brasil estavam muito ocupados cuidando da própria mantença e fazendo guerras uns com os outros para terem um ócio criativo e fazerem uma obra de alta cultura.

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