Primeiramente
temos que raciocinar sobre o que é cultura brasileira para depois começarmos a
conversar sobre o que é a boa cultura negra aqui no Brasil.
Nem tudo
aquilo que o negro faz no Brasil é cultura brasileira. Se um aiatolá árabe
chega ao Brasil e começa a recitar as suas orações islâmicas, isso não é
cultura nacional. Se um negro, vindo da África, começa a cantar canções folclóricas de seu país, aquilo não é
cultura nacional, mas uma cultura estrangeira que veio aportar aqui no Brasil e
está no nosso solo como algo acidental.
Isso não é
desprezar a cultura árabe, como também não é desprezar a cultura negra, mas é necessário termos padrões, mais ou menos inteligíveis para
conseguirmos discernir o que é a cultura verdadeiramente brasileira daquilo que
veio de fora e passou a fazer parte da nossa realidade, mas para grupos
isolados e o que passou a exercer certa influência, mas de maneira quase que
parasitária.
A verdadeira
cultura brasileira é formada por pessoas que criaram alguma coisa aqui no
Brasil, não por escravocratas africanos que continuaram sendo escravocratas,
mesmo depois de serem eles mesmo escravizados e terem conseguido fugir dos seus
senhores, desejando, nada além da própria liberdade e no quilombo,
viesse ele mesmo a ter escravos. Não desejar para o outro aquilo que não se
deseja para si é ensinamento cristão e NÃO, nem toda religião é boa.
Então se os
grupelhos que se colocam à margem da cultura nacional, não vale como cultura
brasileira, o que então seria verdadeira cultura brasileira, e o que seria
cultura produzida por negros?
Cultura negra,
para mim, é Machado de Assis, um mulato, na verdade o que os gringos chamam de
quadraroom, nascido de família pobre, pai mulato e mãe lavadeira o que não o impediu de ocupar
diversos cargos públicos e fundar a Academia Brasileira de Letras.
Outro exemplo
de cultura negra verdadeira é Aleijadinho, o mulato, o nome mais importante da
escultura e arte-sacra no Brasil. Mesmo sendo mulato e tendo que se submeter a
muitas restrições, isso não impediu de ser lembrado até hoje, sendo que ano que
vem será o bicentenário de sua morte.
Outra pessoa
que eu acho que merece ser citada como grande nome da cultura negra e legítima
cultura negra no Brasil é o Donga, compositor do primeiro samba e, por que não,
Pixinguinha, célebre compositor, músico e cantor.
Vamos elevar
o nível da cultura, da popularidade, para níveis mais sofisticados, podemos
citar Cruz e Souza, compositor de poemas de sonoridade envolvente e estrutura
brilhante, uma pessoa que sempre sofreu na própria pele os horrores de uma
sociedade escravocrata e de racismo institucionalizado, mas que não ficou se
fazendo de vítima, pelo contrário, trabalhou, estudou, chegou aos maiores
postos que sua condição de filho de negros alforriados permitiu chegar,
aprendendo a mais fina cultura, enquanto, do outro lado do Atlântico, um
caucasiano francês dizia: “sem dúvida, que o Hotentote (uma etnia negra) é de
uma raça inferior”.
Poderíamos
nos estender muito falando sobre cada um dos grandes negros que fizeram parte
da história brasileira, mas, não apenas isso, mas também criaram a história da
qual eles fazem parte. Todos eles têm algo muito interessante em comum.
O que esses
negros, mulatos e quadradões (pessoa com um quarto de sangue negro) fizeram foi
se adaptarem à cultura nacional, fizeram parte da população, não se auto
segregaram. Temos excelentes exemplos de pessoas que até mantiveram suas
crenças religiosas africanas, como o Sambista Donga, que frequentava Terreiro,
mas não se colocava à parte da população branca.
Cruz e Souza,
um dos poetas mais brilhantes que em plena época da escravatura mostrava que o
sangue negro era tão capaz quanto qualquer caucasiano, ele não ficava prestando
tributo à sua descendência africana, mas falava das próprias angústias, dos
próprios sentimentos, conflitos, tristezas da alma, não usando um linguajar ioruba,
mas um português rebuscado, no estilo parnasiano, com sonetos elaborados e
criativos.
Cada um
deles, a seu modo e com os recursos que dispunham, não ficaram com um discurso
vitimista, como dizem hoje em dia: não ficaram com mimimi. Não ficaram se fazendo
de vítimas por terem sido trazidos contra vontade da África, perseguidos como
animais, aliás, pergunto, que negro, hoje em dia, mesmo que viva humildemente e
até passando necessidade, gostaria de voltar para a África?
Já escrevi outra
vez sobre o vitimismo escravocrata aqui no blog e referencio o artigo aqui,
apenas para dizer que não há lugar para isso. Os negros sempre foram
escravocratas. Negros eram levados como prisioneiros para os Quilombos e se
tentassem fugir, porque não raras vezes as condições de vida nos quilombos eram
piores que nas senzalas, eram perseguidos quiçá com maior severidade do que pelo
Capitão do Mato.
Fica aqui a
minha contribuição para o dia da consciência negra: não existe uma identidade
negra, pelo menos não deveria haver. Não existe uma cultura negra, nem uma
cultura indígena, nem uma cultura cabocla, existe uma cultura nacional e o
negro que escreve da forma como um branco talentoso escreve, o branco que canta
com voz forte, de negro, o índio que se comporta com a polidez e etiqueta de um
urbanoide, não estão negando sua identidade, pelo contrário, a identidade do
negro, do branco, do índio, do judeu, do pardo, do albino só será
verdadeiramente valorizada quando todos eles construírem uma identidade
nacional que seja realmente forte.
Uma pequena lista de pessoas cuja memória merece ser celebrada no dia da consciência negra:
André Pinto Rebouças
Capistrano de Abreu
Clementina de Jesus
Cruz e Sousa
Donga
Evaristo de Moraes
Firmino Monteiro
Floriano Araújo Teixeira
Gonçalves Dias
Hermenegildo Rodrigues de Barros
Joaquim Barbosa
Lima Barreto
Lobo de Mesquita
Machado de Assis
Martinho da Vila
Nilo Peçanha
Pixinguinha
Pedro Lessa
Tobias Barreto
Waldomiro de Deus
São esses que devem ser os heróis da juventude negra no Brasil, nada de Mr. Catra, funk proibidão, ou jogadores de futebol promíscuos e artistas drogados que compõem algo análogo à música, que fala de matar policial, nada de inspiração vinda de dançarinas seminuas ou pessoas promíscuas.
o mano brown pode entrar nessa lista!
ResponderExcluirmano brow é segregacionista foge ao proposito da materia
ExcluirSim, mas de acordo com o texto o Mano Brown seria considerado um Escravocrata. A Propósito, ótima matéria !
ResponderExcluirMe perdoem pelo comentário acima. Sim Mano Brown deveria esta na lista. Esqueçam a primeira frase !
ResponderExcluirE aquela aberração do dia do orgulho gay? É sempre assim, Aventuras. Se criarem um dia do orgulho hétero, os homossexuais vão avacalhar e fazer verdadeiros atentados terroristas.
ResponderExcluirSe tiver um dia da consciência caucasiana, os negros vão chamar os que participarem desse tipo de evento de nazistas.
Eu também não concordo com isso, mas eu pretendi com essa situação dar uma utilidade positiva para o dia da consciência negra.
A ignorância de alguns brasileiros sobre África é muito lamentável, refere a África como se fosse um país,como se em África as pessoas não vivem bem,se bem que os países de África são do terceiro mundo como o Brasil.
ResponderExcluirNão dá para ignorar que a cultura da África é diferente da cultura Latino Americana, de modo que até e países como Somália e Zimbábue existe a classe média, existem empresários, existem pessoas ricas e pessoas pobres.
ExcluirNão sei qual a relação dessa postagem com o assunto proposto, até porque do negro africano eu falei apenas em canções folclóricas deles. Todo país possui canções folclóricas, inclusive o Brasil, EUA, Alemanha, Bélgica, Suécia...
Ou seja por você única cultura nacional são as quem vieram dos índios.
ResponderExcluirEu estou falando de alta cultura, não de baixa cultura. Existe uma alta cultura para os índios, mas ela quase que inteiramente possui conotação religiosa. Há o artesanato também, que é uma cultura mais rebuscada, no entanto, a alta cultura dos indígenas foi só quando do contato com o homem branco, porque os índios do Brasil estavam muito ocupados cuidando da própria mantença e fazendo guerras uns com os outros para terem um ócio criativo e fazerem uma obra de alta cultura.
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