Uma das mais correntes
inquietações dos alunos é o famoso “para que isso?”. Para que aprender
trigonometria, análise sintática, aritmética, geografia do Brasil, história
antiga e medieval? Qual a utilidade disso? Qual a utilidade de modelos teóricos que não funcionam na realidade?
Dando um exemplo na Filosofia,
enquanto se ficar analisando correntes filosóficas, enquanto se fica discutindo
o que cada pensador acredita numa decoreba terrível, a filosofia não encontra
sua utilidade.
Tanto a filosofia, quanto a
trigonometria, análise sintática, enfim, todas as disciplinas e todos os
conteúdos devem ser questões relevantes para se resolver um problema material
da vida. Entender e saber lidar com o mundo.
Aprender Geografia vai ajudar a
entender as diferenças étnicas e sociais existentes globalmente e
regionalmente, vai ensinar o futuro empreendedor que para ele abrir uma padaria
na esquina só é viável se do outro lado da rua não existir outra padaria com
clientela fiel. Aprender trigonometria em associação com a geografia vai
ensinar a saber qual a distância mais curta para se chegar a um determinado
ponto quando for viajar. Saber filosofia vai fazer com que as pessoas formem
conceitos teóricos dentro da própria cabeça para que, quando se encontrar
diante de uma determinada realidade, saiba o que é aquilo e como lidar naquela
situação. Isso em colaboração com estudos sobre política vai fazer o aluno
saber o que é um Estado, o que é o Direito e saber se, na realidade fática, ele
está diante do Estado (Juiz, Ministério Público, Delegado de Polícia) e deve agir
com o devido acatamento, ou se está diante de um profissional liberal
(advogado, médico) que vai agir com o intento de ajuda-lo e não imparcialmente,
talvez querendo condená-lo.
A História nos ensina a interpretar os sinais dos tempos, sabermos se o governo, o clima, a política, a ética, enfim, todas as relações sociais e todos os fenômenos da natureza, o que vem depois, quais as consequências de um governo tirano, como acaba um governo populista, qual a consequência do socialismo e do comunismo, bem como do capitalismo desregrado.
Ocorre que essas questões também
são relevantes com relação ao próprio método. É hora de parar com discussões
acadêmicas e teóricas, sobre se é bom os professores agirem como facilitadores
(postura, aliás, que eu condeno veementemente), ou como autoridade dentro da
sala de aula; se o professor conduz o aluno para que ele descubra, ou se o
professor ensina.
O que tem que ser levado em conta
é resultado. Parar de considerações ideológicas e discussões que teriam
relevância se a conversa fosse em outro nível: na discussão de diretrizes
educacionais pelas autoridades competentes, mas, ainda assim, só teria
relevância essa discussão se fulcrados na realidade.
Dessa forma, o que se tem que
levar em conta não é a teoria por trás de cada método, mas a prática. Por
exemplo, o que o socioconstrutivismo fez pelo Brasil? As pessoas que aprenderam
por esse método são o que hoje em dia? Qual a postura dessas pessoas diante de
problemas reais que demandam tomadas de decisão? Como elas escrevem? Escrevem
certo, ou errado? Quais cargos que ocupam? Qual o grau de humildade e
arrogância, principalmente diante de uma autoridade, ou diante do Estado? Esses
são alguns problemas reais que devem ser resolvidos, também pela educação que
vem de casa, mas também com o ensino das escolas. Se o método de ensino não
está dando certo, não seria certo mudar o método de ensino?
Agora que vem a questão chave: Se
os alunos que possuem dificuldade acabam aprendendo por outro método que não o
aplicado na sala de aula, não seria interessante aplicar o mesmo método com todos
os alunos? Será que a aplicação desse método (alfabetização silábica, objetos
concretos, situações problema) diferenciado como padrão não seria interessante
para facilitar ainda mais o aprendizado dos outros alunos? Não seria interessante
para que não houvesse segregação em uma sala de aula? Não seria interessante do ponto de vista daquelas informações no começo deste artigo?
Dessa forma, eu proponho essa
postura de ceticismo, mas um ceticismo saudável, nos seguintes termos:
1 Quais os resultados práticos da
aplicação de um determinado método de ensino? 2 Se não houveram resultados
porque é algo novo, como que se aplica um modelo meramente teórico sem a devida
pesquisa de campo anteriormente? 3 Se houve prévia aplicação em situações reais,
por que é melhor do que aquele com o qual o professor está trabalhando agora?
Lembre-se sempre disso: você não
está aplicando discussões acadêmicas, nem métodos, ou modelos
teóricos. Você
tem um problema que é o aprendizado com disciplina e deve resolver esse
problema da melhor forma possível. Da forma mais fácil, mais rápida e mais
eficaz.
Parar de ter discussões teóricas, inquietações acadêmicas e aplicar aquilo que dá resultado, essa a a idéia, o fim, a utilidade da educação, porque uma atividade sem resultado não pode ser tica como eficaz. Não vale a intenção, o esforço. Algo muito sério está em jogo e premiar o que está bem colocado, repreender o que está errado e fazer com o que está errado volte ao caminho certo é uma atividade de ensino e não de mera facilitação.